Por Isaura Daniel
São Paulo – O mercado de bebidas quentes dos Emirados Árabes Unidos passará de vendas de US$ 774,5 milhões em 2015 para US$ 1,01 bilhão em 2019. O dado faz parte de um estudo da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que indica ainda que crescerá no país árabe a demanda por cafés especiais, como os orgânicos, além dos chás voltados para saúde e bem-estar.
O estudo “Mercado de Café e Chá nos Emirados Árabes Unidos” mostra que os Emirados importaram US$ 302,4 milhões em cafés e chás em 2015 e que o Brasil foi o terceiro maior fornecedor, com 6,91% do mercado. O Sri Lanka foi o maior exportador ao país destes produtos, com 31,9%, e a Índia foi o segundo, com 21%.
“Em bebidas quentes somos o terceiro, mas em café cru (verde) somos o líder de mercado”, disse o coordenador de Inteligência de Mercado da Apex-Brasil, Igor Celeste, à ANBA.
O Brasil tem relevância no mercado de bebidas quentes dos Emirados principalmente como fornecedor de cafés crus, torrados e instantâneos. O objetivo, no entanto, é crescer também em outras demandas em ascendência no país, como as de cafés especiais e com maior valor agregado. O estudo aponta caminhos para isso e a Apex já trabalha nesse sentido.
Celeste conta que a agência tem convênio com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), pelo qual o produto é promovido no exterior, inclusive nos Emirados. As exportações de cafés especiais de empresas brasileiras apoiadas pela Apex-Brasil para os Emirados passaram de US$ 396 mil no primeiro semestre de 2016 para US$ 1,4 milhão nos mesmos meses deste ano. “Temos produtos de qualidade, precisamos apenas de mais inserção na região”, afirmou o analista de Inteligência de Mercado da Apex, Ulisses Pimenta, sobre os cafés especiais.
Outro caminho apontado pelos especialistas da Apex para uma maior presença brasileira no mercado de café dos Emirados é a torrefação no país árabe por empresas já instaladas ou pela própria companhia brasileira exportadora. O estudo afirma que apesar de a torrefação local ser pequena, ela cresceu nos dez anos até 2015, com a abertura de nove torrefadoras.
Segundo Celeste, a torrefação no país ajuda no tempo de distribuição. Ou seja, faria com que o café brasileiro chegasse aos compradores mais fresco. O estudo afirma que a iniciativa de torrar o café no próprio país é impulsionada por baristas que querem preservar o frescor do café, diante de um consumidor mais exigente e que entende mais de café.
As casas e lojas especializadas em cafés e chás vêm crescendo nos Emirados, juntamente com os minimercados e as lojas de conveniência em postos de gasolina. Os hipermercados, porém, ainda são os responsáveis pela maior parte da distribuição destes produtos – 46,2% do total das vendas em 2015. Os supermercados têm participação importante nas vendas de chás e cafés, com 36,1%, e os pequenos varejistas respondem por 14,9% da comercialização.
Celeste afirma que o Brasil já é fornecedor de cafeterias nos Emirados e também há mercado para que as empresas brasileiras abram seus pontos de venda no país na área. Ulisses Pimenta lembra que os Emirados são um país aberto a empresas estrangeiras, com produtos de todo o globo, sistemas de registros claros, isenção de IVA (imposto sobre valor agregado), entre outras características.
Além de ter consumo significativo, os Emirados são "hub" para reexportação tanto de bebidas quentes como de outros tipos de produtos na região. Em 2015, o país exportou US$ 368,7 milhões em cafés e chás, dos quais 42,7% foram para a Arábia Saudita. Rússia, Kuwait, Omã e Catar também compraram quantidades importantes dos produtos dos Emirados.
Chás
O estudo ressalta que apesar do café responder pela maior fatia no mercado de bebidas quentes nos Emirados, ele vem perdendo lentamente a participação para o chá e outras bebidas quentes em pó. O café tem longa tradição nos países árabes, mas a comunidade de expatriados trouxe culturas alimentares dos seus países de origem, como de beber chá.
Celeste afirma que o mercado dos Emirados está muito vinculado aos hábitos de consumo dos estrangeiros. Em 2015, os expatriados eram 88% dos moradores e com eles o chá ganhou impulso. O Brasil não é fornecedor tradicional do produto, mas o exporta. A erva-mate, por exemplo, é atualmente vendida para a China, de acordo com Pimenta.
O levantamento da Apex-Brasil aponta também que os consumidores jovens e de alta renda são responsáveis pelo crescimento do mercado de bebidas quentes no país e pela introdução de novas variedades de produtos. Fabricantes vêm lançando produtos diferenciados em sabor, ingredientes e embalagens. Entre eles estão, por exemplo, chás de frutas, café italiano, bebidas quentes com vitaminas e minerais, segundo o estudo.
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